O crescimento da população idosa é um fenômeno mundial. As projeções para o ano de 2020 mostram que os idosos chegarão a 25 milhões de pessoas, destes, 15 milhões serão mulheres, representando 11,4% da população total. Com isso, há o aumento das doenças crônico-degenerativas relacionadas à idade, como as demências. A causa mais frequente de demência é a Doença de Alzheimer (DA), representando 50% a 70% dos casos. No Brasil, há a estimativa de que aproximadamente 500 mil pessoas sejam portadoras da DA, o que nos mostra que essa é uma morbidade de impacto em toda uma sociedade. Entretanto, sua causa não é totalmente conhecida, o que se pode observar são as alterações provocadas no organismo, causando gradual incapacitação ao sujeito que a possui. Não há cura, porém, existem tratamentos e formas de prevenção que podem evitar seu surgimento ou retardar seu progresso.
Um fator imprescindível para qualquer tratamento é o diagnóstico precoce. O sintoma mais evidente no início da doença é o comprometimento da memória recente, pensamento, raciocínio, alterações de comportamento e afeto, observando-se uma gradativa perda da autonomia e o consequente aumento da necessidade de cuidados e supervisão por parte de terceiros.
E é na família que se encontram os principais cuidadores, que reconhecem os primeiros sinais e são realizam os primeiros cuidados.
Essas mudanças na saúde do idoso desencadeiam, também, modificações na dinâmica familiar, podendo gerar estresse e crises.
O cuidador, em sua maioria, a esposa, um dos filhos ou outro parente, ou, ainda, uma pessoa contratada para a função, é quem dá suporte físico e psicológico, fornecendo ajuda prática, e, se necessário, desempenha um papel essencial na vida diária dos pacientes com DA, envolvendo-se em praticamente todos os aspectos do cuidado e assumindo responsabilidades adicionais de maneira crescente.
À medida que a demência vai progredindo, o cuidador, além de se envolver em atividades da vida diária (AVD), como administrar finanças e medicamentos, tem um aumento de suas responsabilidades em AVDs básicas, como cuidados de higiene pessoal e alimentação.
Em média, os cuidadores despedem 60 horas por semana com responsabilidades de cuidador. Muitas vezes, a tarefa é assumida de maneira inesperada, o que gera uma sobrecarga emocional. Nesse sentido, o cuidador pode vir a apresentar elevado grau de ansiedade, tanto pela sobrecarga de cuidados quanto pelas modificações em sua estrutura familiar.
Sabe-se que o processo de cuidar engloba a compreensão de si e do outro. Desse modo, o cuidado é tido como um encontro, em que a fragilidade do momento deve ser suportada, por fim, o cuidado revela-se desafiador, necessitando ser vivenciado diariamente. Diante disso, é necessário ensinar novas formas de comportamento, em que os envolvidos adquiram conhecimentos mais profundos de si, fornecendo-lhes condições para continuarem no papel de cuidadores com amor, garra e disposição, preservando as suas próprias necessidades.
Cuidar de uma pessoa com doença de Alzheimer não é tarefa fácil, é uma situação que requer habilidades e conhecimentos. Com a evolução da doença, principalmente, o comportamento do portador vai sendo alterado, necessitando, assim, de um amplo entendimento sobre o assunto.
Os fatores de impacto
O primeiro fator a ser considerado é o posicionamento da família diante da doença. Assim como a doença passa por vários estágios, a família passa por diferentes etapas. Em princípio, a família não sabe o que está acontecendo diante das manifestações de déficit do paciente, gerando sentimentos de hostilidade e irritação. Por outro lado, o paciente pode perceber as próprias deficiências, correndo o risco de ficar deprimido.
À medida que a doença vai evoluindo, ocorre a busca por um diagnóstico, porém, nem sempre os familiares o aceitam rapidamente, podendo negá-lo, na tentativa de recuperar a “pessoa de antes” . Após a aceitação do diagnóstico pode haver uma sensação de catástrofe. As famílias reagirão de maneiras diferentes, dependendo das próprias características, e podem ocorrer posicionamentos indesejáveis entre os familiares, como: superproteção, evasão da realidade e expectativas exageradas com relação ao desempenho do paciente. Os parentes que fazem evasão da realidade, ou seja, negam a doença são geralmente os que mais sofrem; já os que assumem a função de cuidador tendem a monopolizar a função, colocando-se na posição de serem os únicos a fazer as coisas e abdicam de qualquer atividade que represente uma satisfação pessoal, acabando “heroicamente estressados”.
O objetivo da maioria das intervenções é mudar a forma como o cuidador interage com o paciente em casa. Melhores estratégias de gerenciamento de problemas influenciam o ajustamento emocional do cuidador, refletindo uma melhor assistência por parte do paciente. Essas intervenções também podem ajudar a amenizar a angústia do cuidador, evitar a institucionalização do paciente e permitir que a família possa fazer planos. A atenção aos cuidadores de pacientes com DA é essencial, pois se reflete em uma melhor qualidade de vida não só para o cuidador, mas principalmente para o paciente. “A melhor ajuda para o paciente é ajudar o cuidador”. (Fala de um cuidador).
Referências:
Bottino, C. M.; Carvalho, I.A.M.; Alvarez. M.A.; Avila, R. ; Zukauskas, P. R.; Bustamante, S. E.Z.; Andrade, F. C.; Hototian, S. R.; Saffi, F. ; Camargo, C. H.P. Reabilitação Cognitiva em pacientes com Doença de Alzheimer. Arq. Neuropsiquiatr. V. 60, n.1, 2002.
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